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O estado de São Paulo já registrou em junho mais casos de Covid-19 do que no pior momento da epidemia em abril. Foram 358.208 novas confirmações da doença até esta quarta-feira (23), contra 341.713 casos registrados de 1 a 23 de abril.
A média diária de novos casos é de 17.183 nesta quarta, valor 69% maior do que o registrado há 14 dias, o que para especialistas indica tendência de alta na epidemia. O número de mortes também está em alta, mas as novas internações pela doença tiveram uma redução (leia mais abaixo).
O estado já registra aumento nos casos há 13 dias seguidos. A média diária está acima de 17 mil há oito dias consecutivos. No pico da segunda onda em abril, esse valor só havia sido verificado em dois dias.
Segundo especialistas, o baixo isolamento social e a presença de novas variantes mais contagiosas podem ser hipóteses para o aumento de casos.
Os casos confirmados consideram todos os exames positivos de coronavírus realizados pela rede pública e privada do estado. Ainda não é possível afirmar se houve aumento da testagem, já que os dados disponibilizados pelo governo estadual sobre junho ainda são preliminares.
Até agora, março foi o mês em que o estado realizou mais testes do tipo RT-PCR na rede pública desde o início da pandemia. Maio aparece em segundo lugar, mas especialistas alertam que a testagem ainda é insuficiente no estado. A alta taxa resultados positivos (40%) também indica que a epidemia ainda não está sob controle.
Manutenção da quarentena
Nesta quarta-feira (23), o estado chegou ao total de 3.630.251 casos confirmados e 123.825 mortes por Covid desde o início da pandemia.
A média diária de mortes é de 560, valor 21% maior do que o registrado há 14 dias. As mortes já estão em tendência de alta há uma semana. A média móvel de mortes está acima de 400 há cem dias.
Nesta quarta-feira, a gestão João Doria (PSDB) decidiu adiar pela terceira vez a ampliação do horário de funcionamento do comércio até as 22h. Com a decisão, o estado permanecerá até o dia 15 de julho na atual fase da quarentena – que autoriza lojas, shoppings, academias, salões de beleza e restaurantes a operar até 21h.
Batizada de “fase de transição”, esta etapa do Plano São Paulo é mais permissiva e desconsidera os indicadores da pandemia para regular o funcionamento da economia. Para tentar conter o avanço da contaminação, 127 cidades já determinaram regras mais rígidas do que a proposta da gestão estadual.
Apesar do aumento de mortes e casos, o governo justifica o não endurecimento das regras da quarentena devido à redução das novas internações.
“Nós de fato tivemos, da semana passada pra cá, um aumento do indicador de casos por 100 mil habitantes. Tínhamos em torno de 480 casos por 100 mil habitantes a cada 14 dias. Isso passou pra 520, um aumento de 18%. Por outro lado, o indicador de internações por 100 mil habitantes teve um movimento contrário. Passamos de 82 por 100 mil pra 78 por 100 mil, uma redução de 5%”, disse Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência.
A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 78,3% no estado 73,8 na Grande São Paulo. Houve redução do indicador, mas algumas regiões do estado ainda apresentam ocupação acima de 80%.
Segundo Menezes, as internações devem cair mais após a vacinação dos próximos grupos etários.
“Nós já sabíamos que até o momento atual o impacto da vacinação no número de casos ou na transmissão do vírus seria limitado, porque na faixa etária dos 60 anos ou mais, que é a faixa que está com uma excelente cobertura, a contribuição para o total de casos é modesta, no máximo de 15%. Já na faixa etária de 40 a 59 anos contribui com mais de 1/3 dos casos, de forma que nas próximas semanas nós devemos também ter de forma mais clara o impacto da vacinação dessas faixas etárias.”
Após a paralisação da vacinação da capital nesta terça-feira (23), Doria classificou a falha como um problema pontual e manteve a promessa de aplicar a primeira dose das vacinas contra a Covid-19 em toda a população adulta do estado até setembro.