É cada vez mais comum a população usar as redes sociais para mostrar o seu descontentamento sobre a situação de sua cidade, estado ou país. Maioria das reclamações é procedente e acaba causando mal estar nos representantes eleitos pelo povo.
Numa época onde o político é visto como um ser que busca proveito próprio em detrimento de representar a povo, os políticos que agem diferente dos exemplos que vemos, devem aprender a conviver com as críticas e potencializá-las positivamente, invés de guerrear com quem reivindica.
Político — é preciso insistir — não é profissão. A política engessada acaba criando regras direcionadas a garantir mandatos sucessivos, além de dar a oportunidade para aqueles que não abrem mão de um mandato como seu eterno ganha-pão.
O político ou agente político deve assumir o ônus de representar a vontade popular. Em outras palavras, a política não é profissão, não é classe trabalhadora e não gera renda. Segundo o renomado professor Luiz Flávio Gomes, todos os 47 políticos investigados na Lava Jato tem mais de 10 anos na vida política, o que é assustador para uma democracia. Político profissional também é aquele que não tem outra fonte de renda para manutenção de si e sua família.
Na política também há aqueles que levam benefícios a determinados grupos ou bairros, como forma de promoção pessoal. De um líder mal intencionado, pode nascer um político eleito, uma vez que conquista serviços para sua localidade ou pessoas do seu convívio visando ganhar votos. Essa é uma prática que deveria ser mais fiscalizada e combatida pela justiça eleitoral, pois configura compra de votos.
Mesmo tendo contato direito com a população, os vereadores não têm o poder de executar serviços públicos (como mandar consertar buracos em ruas e postes de iluminação queimados ou podar árvores). A eles cabem fazer leis para assegurar o direito do cidadão invés de solucioná-los de forma paliativa e a obrigação de fiscalizar tudo o que a prefeitura faz.
Brasil a fora, há políticos que defendem a ideia de que se você estiver insatisfeito, se candidate e seja eleito para daí poder reclamar, reivindicar e fazer algo para a cidade. A verdade é que estes políticos não entendem que a população tem sim o dever de fiscalizá-los e exigir melhores serviços públicos. Fazer isso, usando o direito que a Constituição nos confere não é competir por votos, e sim cidadania.
Temos o direito e dever de exigir diretamente da Prefeitura a execução a contento dos serviços públicos. Uma maneira formal de fazer valer isso é encaminhar seu pedido diretamente à Prefeitura. Em Itapevi, a solicitação pode ser encaminhada para o e-mail da Ouvidoria (ouvidoria@itapevi.sp.gov.br) ou pelo telefone 4143 7600 (ramais 7610 ou 7631). Agindo assim, os responsáveis tem que responder por escrito em até 20 dias.
Talvez assim sobre mais tempo para o legislativo se ocupar em exercer sua função de legislar e fiscalizar. É fundamental a pró-atividade do cidadão, muitas vezes o benefício conquistado é imenso, uma vez que o Legislativo não fiscaliza a contento. Na cidade de Dracena/SP, distante 645 km da capital, podemos perceber a importância desse ato de cidadania. Após denúncia de um cidadão, o Ministério Público solicitou à Justiça o bloqueio dos bens do ex-prefeito municipal José Antônio Pedretti, do ex-secretário de Obras, da equipe de licitação e de uma empresa da cidade por fortes indícios de conluio numa licitação de manutenção e conservação da iluminação pública do município. Valor do bloqueio: aproximadamente 508 mil reais, prontamente aceito pelo Tribunal de Justiça. Se fosse depender dos vereadores locais, as irregularidades não seriam descobertas.
De fato, ficar no sofá se manifestando unicamente pelas redes sociais não irá fazer com que a situação mude. Isso nos deixa mais ainda reféns dos políticos profissionais. Precisamos agir proativamente, caso contrário continuaremos a reclamar dos nossos representantes municipais, estaduais e federais por muitas gerações.
Por onde começar? Pelo município.