Fláudio: As estratégias meticulosas de um político discreto e articulador

Fláudio Azevedo Limas , também conhecido como Professor Fláudio, tem 54 anos, foi professor de história na rede pública, vereador por 3 mandatos (1989, 1997, 2001 e 2009), um total de 16 anos. Atualmente é vice-prefeito de Itapevi e também diretor da APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo em Itapevi desde 1999.

De acordo com fontes próximas a ele, diferente da maioria dos petistas, Fláudio é pouco popular, procura passar despercebido, geralmente dirige veículos simples, e apesar da habitual discrição, é um articulador influente dentro do PT – Partido dos Trabalhadores, e dentro da APEOESP. É possível perceber a sua influência e articulação ao analisar o número de votos da sua última candidatura à Deputado Federal em 2014: O discreto candidato conquistou cerca de 61 mil votos, cuja maioria não teve origem dos eleitores de Itapevi.

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Quanto pior, melhor

Muito se fala sobre as más relações do vice-prefeito, ao longo de sua carreira na política, conseguiu formar algumas alianças e muito inimizades também.

Pelo que consta, a desavença mais conhecida é de longa data e envolve a ex-prefeita de Itapevi, Ruth Banholzer (PTB), tudo começou com a filiação dela ao Partido dos Trabalhadores em 2001, Fláudio era contrário, pois sentia-se ameaçado, em 2003, quando Dra Ruth foi apresentada como uma possível candidata a prefeita, Fláudio influenciou seu grupo dentro do partido a não apoiar esta ideia, o que a obrigou a se desfiliar do partido e se filiar ao PPS, conseguindo uma vitória massacrante nas urnas.

Ruth

Em 2010, com Dr Ruth reeleita, Fláudio influenciou uma derrota da então prefeita dentro da Câmara dos Vereadores, mesmo sendo ele líder do governo na câmara, orquestrou a eleição de um vereador de oposição ao cargo de Presidente da Câmara dos Vereadores.

Outra situação conflitosa entre os dois aconteceu em 2012, quando a então prefeita lançou seu vice Jaci Tadeu como seu sucessor e Fláudio buscou o apoio da presidência nacional do PT para ser candidato a prefeito pelo partido na cidade, esta manobra fez com que Dra Ruth fosse obrigada a oferecer o cargo de vice-prefeito á Fláudio na chapa de Jaci Tadeu nas eleições daquele ano.

Em 2014, quando Fláudio teve sua candidatura a Deputado Federal apoiada por Jaci Tadeu, Dra Ruth convocou uma reunião em um salão de festas na região central de Itapevi para oficializar seu apoio a candidatura de reeleição do Deputado Federal de São Paulo, Carlos Zarattini, o objetivo desta reunião de apoio, era deixar claro que a ex-prefeita era absolutamente contrária a candidatura de Fláudio.

De acordo com fontes ligadas aos dois, Dra Ruth e Fláudio não se suportam, evitam os mesmos ambientes e as suas relações são de aparência, e ao contrário do que se imagina, esta situação só trás benefício para ambos, uma vez que uma boa parte do eleitorado local leva estes fatos em consideração na hora de votar, reafirmando a máxima que diz que “é de pão e circo que o povo gosta”.

A relação de Fláudio com o atual prefeito da cidade, Jaci Tadeu (PV) também não tem estado em seus melhores dias, no meio do mês de julho o vice formalizou por meio da imprensa, o seu rompimento com a atual administração.

A meta é garantir uma cadeira

Nas eleições de 2014, Fláudio foi candidato a Deputado Federal pelo PT, embora influente, para ser eleito o petista precisaria de ao menos 21 mil votos a mais do que os 61 mil que conquistou no pleito, entretanto, se engana aquele que acredita que o objetivo era de fato uma cadeira no congresso nacional, assim como inúmeros outros candidatos, o foco da candidatura estava voltado para uma exposição que possibilitasse refrescar a memória do eleitorado para as eleições municipais.

Ou seja, este é um investimento a médio prazo, no caso de Fláudio, visando garantir votos para barganhar uma candidatura à vice ou, em último caso, garantir uma das 17 cadeiras na Câmara Municipal da cidade. A regra do jogo é evitar o máximo deixar o cenário político.

Plano B – O Rompimento

Às vésperas das eleições municipais, Fláudio colocou em prática o seu plano B, oficializou formalmente à imprensa o seu rompimento com o prefeito da cidade, ou seja, o vice deixou claro que não joga mais no mesmo time que Jaci Tadeu, com quem apenas tem relacionamento politico.

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De acordo com a nota divulgada pelo vice prefeito, a justificativa para o rompimento se limita a falta de reconhecimento da administração de Jaci-Tadeu ao apoio que a cidade recebeu do Governo Federal nos governos de Lula e Dilma.

 

“O governo federal faz a sua parte, mas não há reconhecimento da importância dos governos Lula e Dilma para o município de Itapevi. Os últimos eventos oficiais [da prefeitura] têm sido palco para algumas pessoas da administração fazerem ataques hostis ao PT, tentando atribuir a crise econômica e política do país ao partido”.

A justificativa não convenceu muito, Fláudio faz parte da administração de Jaci Tadeu há 3 anos e 7 meses, o seu cargo de vice-prefeito está ameaçado uma vez que o prefeito já informou não ter a intenção de se reeleger, em 5 meses uma nova administração assumirá a prefeitura, os pré-candidatos Ruth Banholzer e Igor Soares já apresentaram seus candidatos a vice, portanto, a chance de Fláudio se manter ativo no cenário político local só será possível por meio de um plano B, assumindo uma das 17 cadeiras da câmara municipal, nada melhor do que um rompimento justificado por sua lealdade aos caciques de seu partido para “chamar a atenção”, comover o eleitorado petista e convocá-lo para garantir votos também em 2016.

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Redação

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